"Análise Crítica sobre o Amor não existente."

"Análise Crítica sobre o Amor não existente."

Romeu e Julieta, o clássico caso de amor proibido. Qualquer um que leia, pode pensar: "Mas como eram idiotas! Julieta, principalmente."
Julieta era linda, de boa família, poderia ter o homem que quisesse, e ainda assim com a aprovação dos pais, o que na época da história, era inevitavelmente importante. Mas não, se apaixonou por um estranho que veio a ser membro de uma família inimiga. Duas famílias que se odeiam à gerações. Os dois jovens apaixonados? Nada pior poderia acontecer. Ou poderia.
Mesmo proibidos de se verem, de se amarem, seguiram com sua paixão que só crescia mais com o tempo. É provável que a proibição tenha ajudado muito nisso.
A velha história: "Tudo que é proibido é mais gostoso.", mas não é disso que quero falar.
O amor cega. Isso é fato. Vejam, por exemplo, aquela garota racional, empírica, sentimental mas que sabe muito bem como organizar seus sentimentos, pra que não se machuque mais que o necessário. (Se machucar, no amor, é inevitável.)
Ela leva uma vida boa, faz o que gosta, se diverte com amigos e com amantes, não se preocupa se o cara vai ligar no dia seguinte e, muito menos, em ligar para ele.
Como um ser humano, racional, ela sabe quando precisa descarregar toda a tensão sexual acumulada em seu sistema, e é exatamente o que ela faz.
Até que... ele aparece.
Ele mesmo, O cara.
Eles passam uma única noite juntos, depois de alguns simples flertes, e de alguma maneira, por alguma razão, algo acontece. Ela espera que ele ligue no dia seguinte, ela sente vontade de pegar o telefone e ligar pra ele. Mas isso não acontece. Logo, a cada vez que o telefone toca, ela corre para atender na esperança de ser ele. Como não é, a decepção vem em seguida.
A lógica seria esquecer, deixar pra lá, mas o que acontece é o seguinte: a abstinência causa um tipo de obsessão pela pessoa.
Então, aquela pessoa que considerava Julieta uma idiota por literalmente morrer de amor, passa a se corroer de amor a cada instante que se passa.
O amor é um vício. A pessoa amada, é como uma droga, que quanto mais tempo se passa sem ela, mais você precisa. E quanto mais se passa com ela, mais se quer. Isso é óbvio, pra qualquer um que já tenha se apaixonado um dia. Amantes tem a mente tão furiosa e fantasias tão fortes que compreendem mais do que a própria razão compreende.

Ao mesmo tempo que Shakespeare dá a entender que esse amor, forte e eterno, capaz de mudar o que somos pelo outro, deixar de lado o que antes era importante e passar a ver o amado como prioridade, ele diz que o amor tem fim.
Seja na decepção ou na morte.
Nas lindas histórias de amor, o amor dos amantes só termina com a morte.
Mas e na decepção? Quer dizer, se a pessoa de decepciona, o amor acaba? Lord Byron não concordaria. E nem eu.
Sofrer por amor, o próprio já se define.
Você se decepciona, sofre, odeia a pessoa que te fez sofrer, mas isso significa que você ainda ama a pessoa. Ainda pensa nela. Odeia tudo que ela te fez de mal, mas as boas lembranças agem como uma tortura - a linha tênue entre o amor e o ódio.

Carta de resposta à quem pergunta e a quem queira perguntar.


Respondendo à certas perguntas. Meu Q.I. não me importa, independente de qual ele seja. Sim, eu já fiz avaliações psicológicas e sei qual é, todos os tipos de análises também. Nada disso me importa. Não. Eu não tenho respostas pra todas as questões que me são feitas. Eu tenho teorias pra todas as questões que me são feitas sim, variando a cada nova evidência que surge. Independente do assunto. Por que? Porque eu sou uma pessoa bem informada, sim. Eu não me considero, eu sei que eu sou, porque não sou atoa. Estudei, pesquisei, li tudo de tudo que já apareceu na minha frente e que me interessou. E claro, isso não é de ontem, isso vem de anos e anos suprindo minha curiosidade extrema e hiperatividade em livros, pesquisas e estudos, em assuntos variados. Quando me diz "Você é do tipo que consegue encontrar uma conspiração até mesmo em um piquenique de igreja" é porque eu tenho uma imaginação muito fértil, sou bem criativa, mas me baseio em fatos, evidências físicas, e é claro, naquilo que acredito mesmo que a ciência não possa provar e considere impossível. Pra mim, nada é impossível. Eu sou do tipo de pessoa que acredita em quase tudo nesse universo. Agora, se eu nasci assim, se é devido à minha inteligência, Q.I., simplesmente curiosidade, não sei dizer. O que eu posso dizer é que eu QUIS ser assim. À muitos anos conheci duas pessoas que vieram à mudar a minha vida. Ou talvez, simplesmente liberaram aquela Bonnie que estava presa dentro de sí mesma, oprimida. Enfim, me mudaram. Um deles, um homem muito inteligente, respeitável, e por ultimo mas não menos importante, livre. Um homem que merece todo meu respeito porque viveu em busca da verdade, do que ele acreditava ser verdade. O tipo de pessoa que, se você perguntasse o que ele queria, ele simplesmente responderia: "Só a verdade.". E essa era a mais pura verdade. Isso me impressionou de tamanha maneira que eu me senti ligada à ele, como se fosse um tipo de espelho... eu me via nele, via nele o que eu queria ser ou o que eu já era mas não conseguia exteriorizar. Ele sempre tinha uma resposta ou ao menos uma teoria, mesmo que da mais maluca, pra tudo que via em sua frente, e eu achava isso simplesmente incrível. Queria mais que tudo ser assim, pois acreditar eu já acreditava. O que eu fiz? Passei anos estudando tudo o que me interessava, tanto que deixei de lado os estudos na escola, pois sempre fui boa aluna, e não via o porque me dedicar tanto à algo que pra mim era tão fácil, diferente das outras coisas que eu estudava que pra mim eram totalmente intrigantes. Cada uma dessas coisas eram pra mim novos desafios, e mais tarde, percebi que era isso, o que me movia eram esses desafios mentais. Mas é claro, não parou por aí. Na mesma época, conheci também uma moça que era como ele, só que ela era um pouco diferente... "ciência acima de tudo", ela dizia, mas sempre com a mente aberta à novas possibilidades, mesmo que as mesmas desafiassem a lógica. Logo, me espelhei nela também. Vi que não era só como ele, mas como ela também. Não me bastava aquilo que desafiasse minha própria lógica, mas também a lógica universal. Foi quando comecei a estudar mais coisas científicas, assim comecei a ver tudo por outra perspectiva também. Tudo ficou muito mais interessante, com a mente sempre aberta, boa entendedora de assuntos que fogem da razão, sempre com teorias das mesmas, mas também com meu lado racional sempre ligado, vendo as coisas dessa maneira e ao mesmo tempo procurando uma explicação científica pra tudo, interpretando os fatos de maneiras que só eu podia entender, mas também com respostas com bases mais racionais. Assim me tornei como sou. Hoje, apesar de ter em mente que as pessoas são seres únicos, penso que são todos iguais. Me distanciei tanto das pessoas que passei a vê-las como um eterno objeto de estudo. Quando vejo alguém na rua, não vejo à tempos uma pessoa, vejo suas raízes culturais, o que a tornou como é, só do jeito de andar, de falar com os amigos. Por isso, talvez, eu seja tão quieta quando saio de casa. Fico observando as pessoas e tentando, não adivinhar, mas sim imaginar o que realmente se passa com essa pessoa, porque certamente o que ela mostra não é o que ela é. Pessoas, animais, objetos, observo tudo ao meu redor. Quando as pessoas falam e quando elas não falam nada. A reação de um cão quando se aproxima de uma pessoa e a reação da pessoa quando se aproxima de um cão. Toda ação causa uma reação. Creio que isso basta como resposta. Eu não sou fria, sou distante. Não sou super inteligente com alto Q.I., sou um tipo de estudante do ser humano, da sociedade, das culturas, da história, das reações, do universo, da ciência. Um tipo de antropóloga/cientista/historiadora/investigadora e tudo mais que eu queira e possa ser. Não sou estranha nem louca, sou eu mesma, gostando ou não. Se tem uma coisa que aprendi, é que por mais que tentemos, podemos mudar como somos, e não o que somos. Podemos mudar nosso jeito de se vestir, de falar, de agir, de sentir, de amar, mas jamais mudar nossa essência. Essência, o que eu creio ser a alma.
Quando digo que sou uma pessoa de poucos amigos, quero dizer nenhum amigo.
Tenho muitos conhecidos, colegas, mas amigos... É como se tivessem morrido, todos. Se suicidaram aos poucos da minha vida, outros eu mesma teria matado.
Desde sempre, eu procurei em tudo a verdade, ou outras formas da verdade. No caso da amizade, respeito, honestidade, lealdade, sinceridade... Na profissão, a verdade em si. "...E aos mortos devemos a verdade."
Hoje, devo dizer que me cansei de tentar confiar nas pessoas, mas isso acontece à bastante tempo. Confio nas figuras imaginárias que eu mesma criei.
E por mais que seja de necessidade humana ter alguém em quem confiar, um amigo, eu me saio melhor sozinha do que mal acompanhada. Conheço muitos que pensam assim, porém poucos que atingiram o fundo do poço, o nada a perder para ter a prova física disso. Claro que novas feridas irão se formar, mas todas cicatrizam. Cicatrizes são o que mais tenho. Mas cicatrizar não quer dizer passar, esquecer, pelo contrário. Cicatrizar quer dizer ficar para sempre marcado em você, no fundo, você nunca esquece, nunca passa. Mas você sobrevive, ao menos.
É o que eu tenho feito, sobreviver.
E cada vez que penso nisso, é uma outra ferida que se abre, e é inevitável.
Às vezes penso que, de mergulhar tão fundo na procura pela verdade em todas as suas formas, eu acabei me afogando.
E essa é uma ferida que nunca cicatriza...

New Year

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1
*Beija um estranho*
Sabe quantas vezes passei por isso e quantos estranhos já beijei na noite de reveillon? Muitas vezes vários na mesma noite.

-Queria que hoje fosse ano novo, de novo.

Pt.2 - As vozes.


Deixa eu te contar uma história primeiro. De início, eram só vozes diferentes em momentos diferentes chamando meu nome, gritando na verdade... mas quando eu olhava pros lados, não havia ninguém, nunca... e nunca era a mesma voz, algumas vezes, a mesma... mas sempre mudava. Eu cheguei a comentar com meu pai quando começou a acontecer, eu era criança ainda... mas ele achou que não fosse nada, na verdade eu também nem liguei muito, só que me ficou na cabeça, é claro... não era muito normal isso. E meu pai provavelmente pensou que fosse coisa de criança, o que óbviamente qualquer adulto pensaria, tirando eu hoje em dia, mas enfim... Me lembro de uma vez que aconteceu à noite, me lembro do exato lugar, toda vez que passo por lá me lembro, principalmente à noite quando estou sozinha... fico parada lá e a lembrança desse acontecimento vem à tona como se estivesse acontecendo de novo na minha frente, como em um filme, enfim... Estávamos voltando de algum lugar, indo pra casa, estávamos de mãos dadas, quando eu ouvi essa voz gritando meu nome, como alguém desesperado correndo pra te alcançar que te grita, então eu parei, olhei pra trás e disse "Oi?...". Essa não foi a primeira vez que aconteceu, mas foi uma das primeiras. Meu pai apertou minha mão, eu olhei pra ele e perguntei "Você não ouviu? Alguém me chamou... só que não tem ninguém.", e ele quase que de imediato me puxou forte pela mão, sem olhar pra trás e disse "Não olha pra trás. Nunca mais olha pra trás, muito menos responda, Okay??", e eu "Mas pai, eu ouvi..." e ele "Não. Me prometa!" então eu prometi... mas não cumpri. Não entendi muito bem... passei a noite em claro, mas não por causa da voz, e sim por causa da reação do meu pai... pensei: "Será que ele ouviu? Será que ele também ouve? O que é essa voz que me chama mas quando olho, não tem ninguém? Ou será que eu sou maluca, e ele simplesmente por não ouvir nada, e devido à minha convicção, me acha maluca por ouvir e responder?", nunca obtive a resposta pra essas perguntas... esses assuntos nunca eram comentados, ele ficava bravo quando eu falava nisso, ficava com aquele nervo na cabeça vermelho como se fosse explodir e ia pra outro lugar. Ainda me pergunto se ele ficava assim por não querer que sua filha seja uma lunática, ou porque... ele também podia ouvir... ou pior, sabia algo sobre isso e não queria me contar... talvez pra que não o achassem maluco também, enfim... nunca terei as respostas pra essas perguntas, só as perguntas mesmo. Bom, como eu disse, eu não cumpri a promessa... eu sempre olhei quando ouvia chamarem meu nome, muitas vezes respondia, principalmente quando acontecia dentro de casa, mesmo quando eu estava sozinha e sabia disso... eu fingia achar que era meu pai ou minha mãe e andava pela casa procurando. Claro, nunca achei nada... Com o tempo a freqüência aumentou, acontecia quase todos os dias, depois todos os dias, depois várias vezes todos os dias, até que eu parei de procurar, mas não de responder... só que aí eu já não era como antes, eu perguntava, muitas vezes gritando, "O que você quer? Me deixa em paz!". Depois, as coisas foram ficando cada vez mais estranhas... eu acordava com arranhões (provavelmente de me debater durante o sono), assustada, e sempre tinha algo fora do lugar. A primeira coisa em que pensei foi que estava ficando louca e que provavelmente estava sofrendo de sonambulismo. Cheguei, um dia, a pegar emprestado a câmera filmadora da minha tia e colocar na frente da minha cama, ligada e virada pra mim, antes de dormir, mas nunca acontecia nada. Até que um dia acordei assustada, ouvi um barulho na cozinha e fui ver, levando a câmera comigo, mas não havia nada... já era quase 05:00am então eu voltei a fita pra assistir. Não havia nada de estranho nela também, eu não havia movido um músculo enquanto dormia, só quando acordei de repente. Quando minha mãe acordou, ela me perguntou quem havia mexido no armário, e eu sabia que não tinha sido eu, mas também não foi mais ninguém na casa... Mas isso de nada importou, nem mesmo pra mim. Mesmo sendo criança, queria respostas... não conforto ou respostas evasivas de meus pais, mas sim respostas lógicas, racionais. Então fui à procura disso, e nenhum lugar melhor do que a biblioteca e todo seu acervo de livros e silêncio. Foi quando comecei a ler tanto sobre Psicologia e Neurologia, quanto sobre o Oculto. Nos livros que li, vi várias respostas... o que me levou à um desejo por uma busca mais à fundo... ler não era suficiente, li, estudei, pesquisei sobre tudo isso, queria entender tudo o que acontecia e não acontecia, pra que quando acontecesse eu tivesse algo a me dizer. É claro que vários distúrbios psicológicos me vieram à cabeça. Dois em especial, e mais um distúrbio psicológico diferente, que não era causado pelo ambiente, ou seja, por tudo que já vi, ouvi, li, enfim, pelo meio em que vivi e tudo que havia aprendido e acontecido comigo. Mas sim um genético, passado de... pai pra filha, por exemplo, que causava coisas que haviam acontecido comigo, e me davam até uma explicação razoável para o comportamento do meu pai em relação à isso - assunto que trouxe à tona certa vez e causou uma discussão sem argumentos da outra parte, e me fez ouvir mais uma vez aquelas palavras, "Eu não quero ouvir mais nada sobre isso, esse assunto acaba aqui e agora.". Quanto ao oculto, entrei cada vez mais fundo também, inclusive, para entender melhor certos aspectos de situações vivenciadas por mim anos antes, me tornei membro de um grupo de seguidores de Wicca de São Paulo, me correspondendo com eles pelo correio, inclusive com a autora de vários livros sobre Wicca que li, ela lia minhas cartas e respondia atenciosamente, como quem realmente se interessava e queria ajudar. Depois disso, tive várias experiências que hoje só podem ser "explicadas" como paranormais, algumas provocadas por mim, outras naturais. Coisas às quais eu até então não dava atenção alguma, que pra mim até então não tinham ligação alguma, mas depois juntando todas, tudo fazia algum sentido. E admito, seguir o oculto era mais fácil do que acreditar que eu tinha algum problema mental, como pensava (e ainda pensa) minha mãe e sua família. A mulher com quem eu me correspondia, autora dos livros, me disse pra não ignorar as vozes, perguntar o que elas queriam, se eu podia ajudar ou coisa assim. Devia pensar que era algum tipo de manifestação sobrenatural ou um Poltergeist . Disse à ela que nada acontecia, então ela só pôde me aconselhar a não ignora-las. E não ignorei. Depois de um tempo, cheguei até a pensar que era mesmo coisa da minha cabeça, ou minha consciência, até que as coisas mudaram. Não chamavam mais pelo meu nome, me diziam por onde ir, o que dizer e não dizer, e eu muitas vezes aceitava. Cheguei a achar que era um tipo de manifestação de meus instintos, por eu ser mais aberta à fenômenos paranormais e coisas que a razão não explica, por acreditar, pois elas me diziam pra não pegar tal rua, pra ir por tal lugar, quando ao mesmo tempo eu tinha a exata sensação de que realmente não deveria ir por tal lugar. Já havia lido sobre isso, e é bem comum. Mas o que era comum se tornou maior e mais forte, ao ponto de eu me fechar em um mundo só meu, era um mundo melhor. Ouvir as vozes sem rostos era melhor do que ouvir as pessoas. As vozes não mentiam, não me faziam sentir-me mal. Eu nunca confiei em ninguém além das vozes, sabia quando as pessoas estavam mentindo e quando queriam me enganar, me fazer mal, e depois de um tempo não precisava mais das vozes pra me dizerem isso, não que elas tenham ido embora, elas nunca me deixaram. Anos se passaram e eu acabei saindo desse mundo pra tentar me encaixar nesse mundo que chamam de vida real, passei a fingir que não haviam vozes e tentei confiar nas pessoas. As vozes me diziam que eu iria me arrepender disso, porque todos iriam me trair e me abandonar. Pois bem, aconteceu exatamente assim, só que não me arrependo de ter tentado confiar nas pessoas, de me aproximar, de ouvir vozes com rostos, mesmo tendo sido tão traída por esses rostos. Pelo menos posso dizer que tentei. E como tentei, tentei durante anos, muitas pessoas passaram por minha vida, mas uma coisa não mudou desde as primeiras... a dificuldade em confiar. Ela só cresceu, hoje em dia tenho extrema dificuldade até mesmo em dizer um simples "Oi.". Ah, claro, não foi tão simples assim...digamos que, legalmente, sou considerada insana. Tenho um atestado comprovando isso, graças à um psiquiatra que tive que ir à força, pois cheguei a ser internada pra tratar o "meu problema mental/psicológico" (o psiquiatra e os psicólogos nunca chegaram à uma conclusão exata, cada um quis me tratar de um transtorno diferente). Costumo dizer brincando que passei parte da vida dopada, quando me perguntam sobre certas coisas, dizia "Não sei, devia estar fora do ar nessa época." Foram tempos difíceis, costumo dizer que nasci com 11 anos e à partir daí passei os próximos 5 anos dopada. Não é de todo mentira, afinal, realmente passei essa época dopada. Porém, foi nessa mesma época que não escutei as vozes e saí do meu mundinho pra viver um pouco aqui fora, coisas das quais não me arrependo, aprendi muito com isso. Devo acrescentar que hoje rio disso com as vozes. É, elas continuam comigo... quando digo 'brincando', como disse pra D., "Cuidado, senão "as vozes" vão te ouvir...", não é de todo brincadeira... são vozes, muitas vezes diferentes, sem nomes, sem face... são parte de mim, são eu mesma dividida em partes, com grande conhecimento das coisas da vida, até daquelas que nem experimentei. São aquela sensação constante de Déjà Vu, meus instintos que me guiam nas ruas escuras e solitárias da vida, o diabinho de um lado e o anjo do outro, meu melhor amigo, meu pior inimigo, minha doença mental, meus distúrbios/transtornos psicológicos, a minha insônia e o meu calmante, a curiosidade que me move como a gasolina move um carro, o travesseiro que se molha com as minhas lágrimas, o ouvido que surda com as minhas risadas, meu lado oculto... que eu posso contar pra todo o mundo e jamais será visto, continuará sendo o meu jardim secreto, onde ninguém, jamais foi e jamais irá. Elas são... eu.

Eu e D. Pt. 1 (Como o assunto veio à tona)

-D.: Mas que história maluca é essa?
-Eu: Ah, não é nada... é só uma coisa que eu ouvi e depois fiquei com ela na cabeça... mas provavelmente não é nada e só vai ficar na minha cabeça por pouco tempo, porque nem vou atrás.
-D.: Estranho vindo de você... que nunca deixa nada escapar, sempre vai atrás das coisas. De início achei que fosse um tipo bizarro de hobby, mas depois...
-Eu: Mas depois... o que?
-D.: É que... não me leva a mal, mas você sempre encontra alguma coisa totalmente inexplicável nessas histórias que contam e a gente acredita, esquece, deixa pra lá... você sempre vai atrás e acha algum podre que ninguém entende, mas você explica de uma maneira que acaba fazendo a gente acreditar até mesmo no que não acreditamos... você consegue encontrar uma conspiração até nun piquenique de igreja, haha... Mas então, você acha que tem algo além do que estão nos dizendo? Porque eu acredito que tenha algo a ver com Aliens ou algo assim...
-Eu: Aliens? Haha, não, D... não tem nada a ver com isso. É só que... bom, deixa pra lá, como eu disse, não é nada. Você não devia ficar me ouvindo, deve ter coisa melhor pra fazer.
-D.: Fala sério, coisa melhor? Isso é melhor que TV. Me fala, você disse algo sobre ter pessoas importantes lá, mas não comentou à respeito, você acha que 'tá ligado à isso?
-Eu: D., é sério... esquece, eu já deixei pra lá, melhor você fazer o mesmo, ou... *pausa infeliz*
-D.: Ou... o que?
-Eu: Ou... "as vozes" vão ouvir... É maluquice total, esquece!
-D.: De jeito nenhum, agora que quero ouvir... O que são "as vozeees"?
-Eu: Quer mesmo saber? Okay...