Eu recebi mais um pedido de casamento hoje. De mais um cara com quem eu não me casaria, nem se quisesse me casar. Detalhe: pedido de casamento é broxante, então nem pegável ele é. Rejeitei mais uma vez o rolo que tenho à anos. Detalhe: estou subindo pelas paredes melhor que uma lagartixa já. O único por quem eu me deixaria me apaixonar é também o único por quem eu NÃO me deixaria me apaixonar. Amo demais ele pra isso. Conheci dois caras essa semana... se fossem e-mails, diria que "vi que recebi, nem abri e deletei." Mas tudo bem... o ano AINDA não acabou... ainda pode acontecer algo bom ou interessante, ao invés de tudo o que tem acontecido. E a falta de saco pra tudo e qualquer coisa, qualquer mesmo. Em destaque, um pouco como me sinto nesse lugar, de pessoinhas cada dia mais medíocres, onde vivo ...as vezes me sinto meio auto destrutiva como Piaf, outras meio sarcástica e canalha como Bukowski... mas confesso que, na grande maioria das vezes me sinto como Clarice... triste, sem admitir minha tristeza... E minhas questões pessoais continuavam tão más e lamentáveis quanto no dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, embora nunca o suficiente. A bebida era a única coisa que impedia uma mulher de se sentir para sempre atordoada e inútil. Todo o resto ia furando e furando sua carne, arrancando seus pedaços. E nada tinha o menor interesse, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses fodidos pelo resto da minha vida, pensei. Deus, todos eles tinham cus e órgãos sexuais e bocas e sovacos. Cagavam e tagarelavam, e todos eram tão inertes quanto esterco de cavalo. As garotas e os caras pareciam legais a certa distância, o sol resplandecendo em seus vestidos e roupinhas toscas, em seus cabelos. Mas vá se aproximar e ouvir seus pensamentos escorrendo boca afora, você vai sentir vontade de cavar um buraco ao sopé de uma colina e se entrincheirar com uma metralhadora.

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