A Ditadura da Beleza

Vivemos aparentemente na era do respeito pelos direitos
humanos, mas, por desconhecermos o teatro da nossa mente, não
percebemos que jamais esses direitos foram tão violados nas
sociedades democráticas. Estou falando de uma terrível ditadura que
oprime e destrói a auto-estima do ser humano: a ditadura da beleza.
Apesar de serem mais gentis, altruístas, solidárias e tolerantes do que
os homens, as mulheres têm sido o alvo preferencial dessa dramática
ditadura. Cerca de 600 milhões de mulheres sentem-se escravas dessa
masmorra psíquica. É a maior tirania de todos os tempos e uma das
mais devastadoras da saúde psíquica.
O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na TV,
nas revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais, penetrou no
inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em
que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas.
Cá estou eu, ser movido a boa música e bons filmes, porém em um momento mais musical, pensando excessivamente enquanto pinto minhas unhas.
Não me sai da cabeça, "But in your dreams, whatever they be... dream a little dream of me."
Meu lado racional, me diz que esse é meu lado sentimental me mandando uma mensagem do inconsciente. Mensagem que pode ser traduzida com um simples "pense em mim".
Isto está me deixando um pouco mais maluca do que o normal, meus cinzeiros estão transbordando, minha alimentação é a base de simplesmente coca-cola 1 litro garrafa de vidro(a melhor) e calmantes.
"...And fill your heart with smoke...".
E sinceramente não sei o que fazer para me distrair destes pensamentos incômodos, e lembrando do que li recentemente no blog de lady Lilya, tudo o que me resta é "Every now and then I get a
little bit angry and I know I've got to get out and cry..."
, Mas não tenho para onde ir, não tenho onde ficar porque "There's nothing I can do, It's a total eclipse of the heart".
Me conforta lembrar que "you'll always be the only boy who wanted me the way that I am", porque tudo o que faço nestas e outras situações emocionais, a questão que fica em minha mente conturbada é "Stupid girl, what have you done?".
Não sei o que dizer, penso demais... deixo que as músicas falem por mim.

"Não fique pela metade, vá em frente minha amiga. Destrua a razão neste beco sem saída."
Sim, é um beco sem saída, aparentemente, mas não é uma pitada de razão o que eu preciso? Afinal, "E eu perdi as chaves, mas que cabeça a minha?!", É, preciso usar mais a cabeça.
É totalmente coração, emoção, sentimento, enfim... "Meu bem, você me dá agua na boca... De tanto imaginar loucuras."
Preciso talvez é parar de fantasiar simplesmente, "Sou o desejo maldito e bendito, profano e covarde. Nem lhe cobro, rapaz. Ordene e não peça, muito me interessa a sua potência, seu calibre, seu gás.
Eu quero é derrapar nas curvas do seu corpo, surpreender seus movimentos, virar o jogo... Quero beber o que dele escorre pela pele, e nunca mais esfriar minha febre."


Me voltando um pouco aos filmes, um em especial,
"
I hate the way you talk to me, and the way you cut your hair. I hate the way you drive my car. I hate it when you stare. I hate your big dumb combat boots, and the way you read my mind. I hate you so much it makes me sick; it even makes me rhyme. I hate it, I hate the way you're always right. I hate it when you lie. I hate it when you make me laugh, even worse when you make me cry. I hate it when you're not around, and the fact that you didn't call. But mostly I hate the way I don't hate you. Not even close, not even a little bit, not even at all."

É aqui mesmo, mas tenho que ir.


"While I'm alone and blue as can be, dream a little dream of me..."
Nunca fui uma pessoa sentimental. Não no externo, pelo menos.
Durante a maior parte da minha vida não só não demonstrei afeto algum por quem quer que fosse, como não sentia o mesmo.
Pais, irmão, toda a família, colegas de classe... via eles como pessoas e nada além disso, o que são, claro. Eram como robôs, todos iguais... falando igual, andando igual, sonhando igual... Menos eu.
Cogitava diferentes futuros para mim, todos "fora do meu alcance". Pensava no porque eles queriam todas aquelas mesmas coisas, porque falavam daquelas coisas, brincavam daquele jeito.
Sempre me olharam diferente, como se eu fosse o patinho feio ou a ovelha negra, talvez porque eu olhava eles diferente também. Mas sempre foi tudo interno... raramente me expressava.
Um dia, algum dia, resolvi me expressar... falar do meu jeito, andar do meu jeito, deixar que vissem meu jeito de pensar... e nada mudou, continuaram me olhando diferente, e eu continuei olhando eles diferente.
Não somos da mesma espécie, talvez. Me deparo com isso em qualquer lugar que eu vá.
Mas mesmo assim, continuei bloqueando o lado sentimental, jamais demonstrando afeto ou coisa do tipo pra quem quer que fosse. Com uma diferença... eu já sentia.
Então deixei as pessoas de lado e resolvi pensar em como eu penso, no porque eu penso como penso e no porque eu penso. Foi quando me internei em um sanatório dentro de mim. Uma viagem mística na qual eu aprendi tanto, que não sei ainda lidar com tanta informação, falta uma peça.
E dentro de toda essa confusão mental/psicológica/emocional, passei a sentir... sentir mais, muito mais.
Sentir tanto que qualquer coisa me fazia chorar, alegria, raiva, amor, ódio, afeto, desapego, ignorância, futilidade, tédio, solidão, saudades, excesso de convivência, nostalgia, sonhos perdidos ou deixados de lado, metas "impossíveis", situações-histórias-pessoas-eventos que aconteceram antes mesmo de eu nascer, músicas, filmes, comerciais, carência, ócio, coisas que imagino/viajo quando me deito e sonhos que me lembro ao acordar. Tantas coisas... e tudo dói. O mundo dói demais em mim. Do âmago do meu ser, eu grito desesperadamente, choro sem conseguir parar ou saber o porque de estar chorando, sinto uma dor que parece vir do além, e então passa.
No fim das contas, sentir demais é ruim, ainda mais quando você não sabe o que sente, ou porque sente.
Só eu sei o que é isso que eu sinto, e nem eu mesma sei o que é. Só eu vi acontecer, só eu me consolei e me dei tapas na cara nessas horas, só enchi a cara junto com a garrafa, só desejei dormir e nunca mais acordar, só.

É, só...

Paper...

Mais uma vez, gosto mais de certas pessoas antes de conhece-las.
Você a acha interessante, intrigante, misteriosa. Até que... a intimidade estraga tudo.
Você percebe que o que era interessante, é na verdade vazio, fútil, os "papos cabeça" eram um script decorado para esconder a burrice e a real falta de assuntos de conteúdo.
O que era intrigante, era posteriormente o seu desejo de descobrir o que mais de interessante havia no tal, mas sobre isso nem preciso mais comentar.
E o que havia de misterioso... era simplesmente uma máscara que tal pessoa usava para esconder o loser que é.
E eu, mais uma vez, percebo que não perdi a esperança de que alguém que eu conheça tenha ao menos conteúdo; conteúdo útil.
De que não seja um(a) imbecil sem argumentos que, quando você quebra sua máscara, tenta te atingir e afetar com tolices sem sentido, -sem sucesso; e fugas.
É então quando eu perco a credibilidade no ser humano e sinto pena da bolha onde eles vivem. Pobre bolha, ter que abrigar isso aí...
Ainda bem que vivo no mundo.


(Não foi por falta de aviso.)

Nada, esquece.

"Você salvou a minha vida, sim. Várias vezes.
Você me manteve de pé. Me tornou completa.
Eu devo tudo à você... Você não me deve nada.
Eu não quero fazer isso sozinha, nem mesmo sei se posso.
E se eu desistir agora, eles vencem. E eu não posso fazer isso com você."

Todos temos(ou deveríamos ter) alguém com quem contar nos momentos de mais necessidade. Um amigo, um amor, um pai ou mãe, um irmão, um animal de estimação, um completo estranho.
Todos temos a necessidade de ter alguém em quem confiar nossos segredos, ânsias, alegrias, felicidades. Afinal, é chato guardar para si.
Não só chato... é solitário, deprimente.
Quem diz que "não precisa de ninguém" mente. Sim, mente.
Mente porque ninguém gosta de se sentir triste, de chorar sozinho, abraçar o travesseiro que não tem palavras pra te consolar, quem vai dizer que tudo vai ficar bem, discutir seus problemas com o ator do filme que está passando na TV, dar um soco no próprio estômago.
Gritar de alegria pela casa, e olhar ao redor e ver a mesa e as cadeiras, as paredes, o tapete, imóveis e cheio de silêncio.
Não ter aquele que sentirá orgulho de seu grande feito, que vai afirmar que sabia que tudo daria certo.

A maioria das pessoas sentem a necessidade de ter várias pessoas ao seu redor, pessoas que consideram amigos, mesmo que não sejam, para que quando precisarem, então, terão aquele de seu lado. Aquele que não se importa, mas está lá; é isso que importa. (?)

Quando você sente o descaso desses por você e seus sentimentos, que ele só está lá porque você o procurou, e não porque para ele isso é importante, uma das alternativas é se fechar.
Se fechar para as pessoas, para o mundo.
E então, quase que mágicamente, essas pessoas desaparecem. Até que você liga um dia e ela diz: "você sumiu!".
Mas você não sumiu... você continuou no mesmo lugar de sempre, certo? Mesmo nome e sobrenome, endereço, telefone.
Você, na verdade, nunca existiu.
Porque assim como você precisava de pessoas ao seu redor por conveniência, eles também. E você era só mais um.
E então vem o vazio. Áh, o vazio!
Você tenta fugir dele, mas ele está dentro de você, se torna seu demônio interior, mas desta vez... você pode vê-lo e senti-lo.
E no meio da multidão, será que alguém realmente se importou com você? Pensava em você? Sentia por você?
Não. Essa pessoa sentia por você sem que ao menos você percebesse, não olhava pra você, via você. Não ouvia você, escutava você. Mas ele não era ninguém. Então você se esqueceu dele.
Agora você está sozinho, parabéns, você é humano. Podre e vazio, pois jogou fora a coisa mais preciosa, talvez, que você pudesse ter na vida.

Mas isso tudo é claramente óbvio.
Então, retrocedendo, multidão... Tenha a sua.
Seus amigos que sempre estarão lá pra beber com você, pra discutir coisas da vida que não vão levar à lugar algum com você, pra completar seu vazio que ainda não sabe que existe, conscientemente.
Tenha seus amigos, sua vida social, seu fígado, sua faculdade, seu namorado, seu trabalho, seu marido, seus filhos, sua promoção na empresa, suas bodas de prata, sua menopausa, sua aposentadoria, seus netos e sua morte tranqüila e morra feliz ever after.