Efêmero

De onde ela vem, não sei.
Para onde ela vai, a mesma não sabe dizer.
O momento presente, uma maldição da luz, luz que cobre a dádiva da escuridão, a graça que é o frio da noite e os prazeres do silêncio. Sem mostrar respeito algum à solidão. 
Sob a luz de uma vela, cujo fogo queima ardente como a paixão de jovens amantes, voltaram a mim os prazeres da inspiração. Posso respirar novamente e enxergar claramente aquilo que realmente sou.
Não mais sinto, finalmente, a falta que a muito sentia de mim. Não vejo meu próprio reflexo no espelho ou anseio por outro.
Um brinde à escuridão, minha mais velha amiga, tutora, professora.
A insanidade é agora não visível, mas de uma forma graciosa, simplesmente presente. Sentada ao meu redor como uma matilha de lobos protegendo seu alpha. 
Na escuridão e silêncio, encontro não só eu mesma, mas também a paz.
Sob a luz desta vela, aproveito para agradecer por este momento sereno como a brisa suave de uma noite de outono.
Agradeço por esta sensação que a muito não sentia.
Aproveito este exato momento, pois este momento é minha vida.

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