"Querida Claire, "E" e "se" são 2 palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto da sua vida.
"E se"...
E se?
E se?
E se?
Não sei como sua história acabou. Mas se o que você sentia na época era amor verdadeiro, então nunca é tarde demais. Se era verdadeiro então, por que não o seria agora? Você só precisa ter coragem para seguir seu coração.
Não sei como é sentir amor como o de Julieta, um amor pelo qual abandonar os entes queridos, um amor pelo qual cruzar oceanos. Mas gosto de pensar que, se um dia o sentisse, eu teria a coragem de aproveitá-lo.
E, Claire, se você não o fez, espero que um dia o faça.
Com todo o meu amor,
Julieta."
Julieta."
Escritores escrevem sempre sobre o amor. Sabem usar de lindas palavras que são capazes de tocar até o mais frio dos corações e mais desesperadas almas.
Escritores tem esse poder. São escritores, são verificadores de fatos, são poetas. São amantes.
E até o mais distante escritor não pode, por ao menos um segundo, não sentir "E se...?" "E se eu simplesmente... Pudesse sentir o amor sem fronteiras do qual escrevo. Ou amar alguém, puro e simplesmente."
"E se...?" "E se eu simplesmente... Pudesse sentir tal amor e ser amado de volta?"
Escrevemos sobre a jornada de amantes, e nos apaixonamos por suas paixões, mas nos dar ao luxo de esperar que, um dia, sentiremos isso com a recíproca verdadeira, é por e de alguma maneira, esperar demais de sí mesmo e do mundo.
Escritores, poetas. São amantes, cujo alvo de seus sentimentos não os enxerga.
Somos invisíveis, escritores fantasmas.
Almas que vagam divagando a paixão ardente e amor puro, mas jamais lhes são dadas a dádiva de experienciar o mesmo.
Somos heróis e monstros de nossas próprias vidas.
-- Hannah Sofia Valéntií --
Ass.:
"Gosto de ouvi-la falar, contudo bem eu sei;
Aquela música tem um som muito mais agradável;
Admito que nunca vi uma deusa ir;
Minha senhora, quando ela anda, esmaga a terra:
E ainda, pelos céus, eu creio que meu amor seja tão raro
quanto qualquer um que ela desmentia com comparação falsa."
(Shakespeare)

