Respire fundo.

Como pode não ter idéia da dor que algumas de suas palavras me causam? De como cada batida do meu coração é tão forte que sinto que ele explodirá quando você faz com que eu me sinta a escória da humanidade?
É isso que você faz, e você não faz idéia. Faz?
Eu não sou inútil, eu sirvo pra alguma coisa, muitas coisas, na verdade. Eu entendo e de muito sei. Eu enxergo e escuto, ouço tudo. E eu falo, mas é sempre com as paredes, não é assim quando se fala com alguém e suas palavras entram por um ouvido e saem pelo outro? Ou quando você foge, se esquiva.
Pode dizer e repetir para si mesma o quanto quiser, mas no fundo você sabe, você nunca quis entender. Você morre de medo de entender.
A ignorância é sua benção. E sabe o que sua benção é para mim? É como uma maldição. Porque sua tão sagrada benção me mata aos poucos a cada segundo que passo em sua frente, que ouço sua voz, mesmo ao longe, sabendo que o que você está dizendo, mesmo não diretamente, é de como se arrepende de eu não ser quem você gostaria que eu fosse. 
E eu jamais serei, disso você sabe, não sabe? Espero que ao menos isso saiba, pois senão sua benção é também sua maldição, que irá destruí-la por dentro fazendo que enfim, chegue até mim, o mais próximo que pode chegar de mim. O fundo do poço. Não, não, não estou no fundo do poço. 
Eu sou o fundo do poço.

Talvez, muito provavelmente, muitos outros fatores me levaram a chegar onde estou. Mas você, você, você, você e você, e ah, você também, todos vocês... Ajudaram.
Importou-se sempre comigo porque deve importar-se comigo. Você e você e vocês.
Não porque se importavam ou se importam, simplesmente. Mas sim, por ser seu dever. De todos vocês.
E não prezo, de forma alguma, o quanto se importam comigo, exatamente por isso.

Por anos, me adoeceram, fazendo que me tornasse tísica, tênue, raquítica, como diria um velho amigo. O que me manteve em uma parte só enquanto me despedaçavam, foi minha força. 
Digam o que quiserem, mas o eu que vocês tem e veem é a melhor parte de mim.
Tomando as palavras de outro velho amigo, mas mudando-as para melhor se encaixar em minha situação, "Acreditem, se eu quisesse tornar a vida de vocês um inferno... Vocês já teriam queimado a muito tempo."

Tentaram tomar de mim tudo o que me importa e que prezo, mas não conseguiram. E eu não tomei nada de vocês.
Quando a hora chegar, a única coisa que tomarei de vocês será a graça de minha presença, e então, enfim, poderão respirar. 
Mas cuidado... Se respirarem rápido demais, podem se engasgar com seu próprio ar...

Eu sempre estarei por aí, por perto, pois eu sou sua filha, suas irmãs, seus netos, seus amigos. 
Eu estou em todos os lugares.
E haverão mais de mim.

Cartas para Julieta

"Querida Claire, "E" e "se" são 2 palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto da sua vida.
"E se"...
E se?
E se?
Não sei como sua história acabou. Mas se o que você sentia na época era amor verdadeiro, então nunca é tarde demais. Se era verdadeiro então, por que não o seria agora? Você só precisa ter coragem para seguir seu coração.
Não sei como é sentir amor como o de Julieta, um amor pelo qual abandonar os entes queridos, um amor pelo qual cruzar oceanos. Mas gosto de pensar que, se um dia o sentisse, eu teria a coragem de aproveitá-lo.
E, Claire, se você não o fez, espero que um dia o faça.
Com todo o meu amor,
Julieta."

Escritores escrevem sempre sobre o amor. Sabem usar de lindas palavras que são capazes de tocar até o mais frio dos corações e mais desesperadas almas.
Escritores tem esse poder. São escritores, são verificadores de fatos, são poetas. São amantes.
E até o mais distante escritor não pode, por ao menos um segundo, não sentir "E se...?" "E se eu simplesmente... Pudesse sentir o amor sem fronteiras do qual escrevo. Ou amar alguém, puro e simplesmente."
"E se...?" "E se eu simplesmente... Pudesse sentir tal amor e ser amado de volta?"
Escrevemos sobre a jornada de amantes, e nos apaixonamos por suas paixões, mas nos dar ao luxo de esperar que, um dia, sentiremos isso com a recíproca verdadeira, é por e de alguma maneira, esperar demais de sí mesmo e do mundo.
Escritores, poetas. São amantes, cujo alvo de seus sentimentos não os enxerga.
Somos invisíveis, escritores fantasmas.
Almas que vagam divagando a paixão ardente e amor puro, mas jamais lhes são dadas a dádiva de experienciar o mesmo.
Somos heróis e monstros de nossas próprias vidas.
-- Hannah Sofia Valéntií --

Ass.:

"Gosto de ouvi-la falar, contudo bem eu sei;
Aquela música tem um som muito mais agradável;
 
Admito que nunca vi uma deusa ir;
Minha senhora, quando ela anda, esmaga a terra
E ainda, pelos céus, eu creio que meu amor seja tão raro
quanto qualquer um que ela desmentia com comparação falsa."
(Shakespeare)
(Person L. (the lady) is trying to use the computer when person D. (the douchebag) offers to give her a hand...)

D.: You're never going to get anywhere
like that. Here...
Nice shampoo...
Now, what are you looking for?
L.: A friend I haven't seen in a few years. Someone said I should try the internet.
D.: It's a boyfriend...?
L.: Girl.
D.: In that case, I'll help you.
Done deal. And... voilà.
Now, maybe when this thing
is finished searching we could go to this bar I know and get a drink.
What do you say?
L.: Yeah! I just have to check with my parole officer first.
D.: You've been to jail?
L.: Actually, prison. Jail is a different thing.
D.: What did you do,
not pay your parking tickets?
L.: Oh, no. I was convicted
of murdering my husband.
D.: You're kidding, right?
L.: No, I'm not.
Sliced and diced. That's what the papers called it. Can you believe that?
D.: You're not kidding.
L.: No, I said I wasn't.
But it'd be nice to have a drink. I haven't been out in a long time.
D.: Oh... I just remembered, I have this appointment...
L.: See ya.

Efêmero

De onde ela vem, não sei.
Para onde ela vai, a mesma não sabe dizer.
O momento presente, uma maldição da luz, luz que cobre a dádiva da escuridão, a graça que é o frio da noite e os prazeres do silêncio. Sem mostrar respeito algum à solidão. 
Sob a luz de uma vela, cujo fogo queima ardente como a paixão de jovens amantes, voltaram a mim os prazeres da inspiração. Posso respirar novamente e enxergar claramente aquilo que realmente sou.
Não mais sinto, finalmente, a falta que a muito sentia de mim. Não vejo meu próprio reflexo no espelho ou anseio por outro.
Um brinde à escuridão, minha mais velha amiga, tutora, professora.
A insanidade é agora não visível, mas de uma forma graciosa, simplesmente presente. Sentada ao meu redor como uma matilha de lobos protegendo seu alpha. 
Na escuridão e silêncio, encontro não só eu mesma, mas também a paz.
Sob a luz desta vela, aproveito para agradecer por este momento sereno como a brisa suave de uma noite de outono.
Agradeço por esta sensação que a muito não sentia.
Aproveito este exato momento, pois este momento é minha vida.