"Some of us laugh, some of us cry. Some of us smoke, some of us lie. But it's all just the way that we cope with out lives."

Eu não sinto.
Minha gata morreu, meu coelho morreu, meu porquinho-da-índia morreu, meu pai morreu, meu gato morreu, minha avó morreu, meu cão morreu, agora meu avô morreu. Me perguntaram o que eu senti na época, e eu não soube responder... Não sei o que sentia, ou se sentia algo, afinal. Acho que simplesmente não senti nada, e dada as situações, as reações que as pessoas tem, seus sentimentos em relação à esse tipo de coisa, acho melhor não sentir nada, mesmo sempre sendo taxada de insensível por isso. Talvez eu só não demonstre sentimentos.
Eu amava todos eles, ou pelo menos acho que sim. Nunca demonstrei tal sentimento, a não ser pelos meus animais, cuja falta me dói todos os dias. Se a tal saudade for um indicador de sentimento, logo, por certo ponto de vista, eu só amava mesmo meus animais. Mas vai saber... tenho um histórico de um certo ódio por seres humanos.

Eu não gosto que me toquem.
Me sinto enojada cada vez que alguém me toca, seja pra apertar minha mão ou pior, me abraçar. Mas nada pior mesmo que "beijo no rosto" para cumprimentar. Nunca me acostumei com isso, até hoje para mim é com aperto de mão que se cumprimenta alguém. Íntimo ou desconhecido.
Nunca escrevi cartões de feliz aniversário, dia das mães, dos pais. Nunca dei beijos de parabéns ou menos ainda de "bom dia", "boa noite" ou de um simples "oi". Minhas únicas demonstrações de congratulação nestas diversas ocasiões foi o "parabéns" que saiu da minha boca.
Meu psicólogo dizia que sou sociopata por isso.
Meu outro psicólogo dizia que sou anti-social por isso.
Ainda outra psicóloga já dizia que era minha "Personalidade Esquizóide" que me fazia assim.
O último psicólogo já me declarou com "Personalidade Borderline".
Quando fui internada, meu psiquiatra, após ouvir certos depoimentos (fui internada à força, afinal, quem quer ir pra um hospital psiquiátrico sabendo que não há motivos pra isso?), ler meu histórico médico e conversar com a garotinha extremamente calma, mesmo depois de "tudo o que passou pra ser levada ao hospital, segundo outros", me diagnosticou psicótica.
Já eu, autodidata em psicologia ou não, não me considero nada disso em absoluto.

Não gosto de pessoas. Odeio seres humanos. Adoro ficar sozinha. Adoro minha própria companhia.
Falo sozinha o tempo todo. Discuto sozinha, peço minha própria opinião.
Aos olhos e ouvidos alheios, isso é "maluquice", por certo.

Mas no final das contas, quem liga pra isso? Não quero que liguem, pois eu mesma não ligo.
Porém... me divirto horrores relembrando isso tudo.

Eu sou diferente de tudo e todos que conheci, e me odiei por isso durante quase metade da minha vida. Hoje, não queria ser diferente.
Minha opinião sobre mudar pra ser como os outros, pra me adaptar à sociedade, fazer amigos assim, é a mesma sobre acabar com o próprio corpo pra se parecer como aquelas modelos esqueléticas das passarelas: uma barbárie. E tenho dito.

No comments: