As vezes sinto como se logo fosse morrer. Sempre me senti assim.
Aos 15 anos, achava que não passaria dos 20.
Aos 20, que não passaria dos 21, então.
Passados 21 anos de vida, ainda respirando, nada mudou. Ainda sinto que logo vou morrer.
As vezes penso que um dia, não muito distante, irei ao médico e descobrirei que só tenho seis meses para viver.
Logo, descobrirei que tinha tanto que eu queria realizar, exercer e tanto fazer e só seis meses para pensar que em 24 anos, tanto pude fazer e nada fiz, e agora jamais farei.
Seis meses para fazer pequenas coisas que jamais faria, só por fazer.
Seis meses para acreditar na ciência, mas esperando por um erro no diagnóstico.
Um momento de felicidade, de esperança que sim, vou realizar, vou exercer, vou fazer tudo o que nunca fiz em 24 anos e não poderia em seis meses mas sempre quis. Só para depois de um tempo, quem sabe, perceber que provavelmente jamais farei metade do que sempre achei que faria.
Perceber que, talvez, esses seis meses dos quais achei que seriam meus últimos, foram os tempos mais excitantes de toda a minha vida.
Que jamais vou sofrer como sofri, viver plenamente como vivi. Ser feliz por momentos, como fui, e nunca mais serei.
O que será de mim?
A verdade é que seria mais fácil ir ao médico e descobrir que só tenho seis meses para viver, pois isso me forçaria a fazer o que tenho que fazer mas deixo pro amanhã. A sentir o que me nego a sentir para não me ferir. A ser quem eu sou sem máscaras e sem medo de ter que me esconder ainda mais. A perder meus medos. A encarar meus demônios.
E o mais importante, a viver plenamente, sem desculpas e sem amanhãs, sem dores de cabeça e cansaço, sem tédio e falta de vontade.
A viver como se não me existisse o amanhã.
Mas ainda tenho mais de seis meses para viver...
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