"Em casos leves, você pensaria ‘ela é bonitinha’. Em casos com certa gravidade, você diria ‘ela tem um tipo bastante especial’. Se fosse feia, você não estaria aí pensando nela ou observando seu jeito de cruzar as pernas. Ela é bonita, mas tem aquele jeito de rir, meio polêmico, e aquela maneira de andar, rápido demais, e quem sabe se ela não tivesse essa mudança de humor repentina. Você acordou todos esses dias, sentiu-se solitário, frágil. Tropeçou diversas vezes em objetos variados, esqueceu alguma coisa muito importante e sentiu falta de alguém pra esquentar suas mãos. As meninas que você conhece são amigas demais ou pretendentes demais e você quer alguém distante, que te olhe de um jeito bem particular, te deixe confortável e desconfortável, contente e triste. De preferência alguém a quem você ainda não ame pra poder falar abertamente sobre sua teoria de amor latente, amor que já habita algum determinado espaço e apenas não foi direcionado a algum alvo específico. Amor que já existe, e você não encontra alguém com quem dividir. Poderia ser essa menina, se ela não roesse as unhas. Se ela não tingisse o cabelo dessa cor. Se você tivesse coragem. E se não te assustasse tanto o fato de que ela se parece demais com o seu mundo, meio bonito, meio antiquado."